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Sexto Festival Capstyle reúne 60 artistas e produz muro de mais de 400m de extensão

Conversamos com Kenia Kouriki sobreo festival Capstyle e sua sexta dição, que aconteceu em 2021, e pintou o muro do Jardim da Saudade, na zona norte de Londrina, que contou com a participação de mais de 60 artistas nacionais e internacionais e realizou um mural de mais de 400 metros de extensão. Confira a conversa:

Intervalo: Queria começar falando sobre o Festival. O que é e como funciona o Festival Capstyle, desde quando ele acontece, e que espaços da cidade vocês já pintaram por meio do Festival?

Kenia: O Festival Cap Style é uma grande festa para a realização coletiva e simultanea de mural de graffiti. A primeira edição foi em 2004 na Escola de circo de Londrina quando a sede era na Av Higienópolis. A segunda edição foi em 2011 no cemitério São Pedro, em 2017 Cap style 15 anos no cemitério São Pedro, em 2018 Quarteirão das artes atrás do shopping Boulevard, Em 2019 foram 3 murais, no cemitério São Pedro, na escola de circo na zona norte e na Casa das artes na zona Sul.

A sexta edição foi em 2021 no cemitério Jardim da saudade, com a participação de mais de 60 artistas nacionais e internacionais. Juntos realizaram um mural com mais de 400 m de extensão.

No festival acontece também workshop, rodas de conversa para troca de experiência entre os artistas participantes e todas as atividades são abertas ao público gratuitamente.

Todas as edições aconteceram de forma independente e com ajuda de alguns apoiadores.

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Intervalo: A gente escuta muito o debate sobre a arte de rua, a suposta treta entre o grafitti e o pixo, o preconceito. Mas quando eu olho o muro, fico bem impressionada com a variedade de temas, de estilos, de assinaturas. Vocês sabem dizer quantas pinturas tem naquele muro, ou quantos artistas passaram por ali? Queria que vocês falassem um pouco sobre essa variedade: da perspectiva artística mesmo, o que vocês têm visto, como vocês enxergam esses trabalhos, o que vocês destacam?

Kenia: O Festival contou com a participação de mais de 60 artistas e cada um desenvolveu livremente sua arte e a escolha do tema. Cada um tem um universo dentro de si, com experiências e culturas diferentes e isso reflete diretamente no resultado final do mural.

Nós do coletivo valorizamos muito essa diversidade e acredito que isso tem feito o festival crescer a cada edição. Temos o cuidado e carinho de recepcionar os artistas da melhor maneira possível para que sua expressão artística se manifeste em sua melhor versão transformando o ambiente.

Destaco a participação de mulheres grafiteiras que a cada ano está conquistando espaço de fala e visibilidade onde predominava a presença masculina.

Intervalo: Uma outra coisa que me chama atenção é a quantidade de gente nova, começando. Meninas, meninos que estão desenvolvendo a técnica, o estilo, mas já encaram vários muros. O Festival tem esse espaço pedagógico também? Como é essa relação? Como a galera faz essa entrada no grafitti hoje?

Kenia: Sim. Desde o início o coletivo desenvolve e ministra oficinas e workshop, com o objetivo de expandir a arte e através da cultura contribuir para um mundo melhor.

O graffiti comunica com todos principalmente os jovens, pois é uma arte que está nas ruas e isso causa uma sensação de pertencimento, é um canal de expressão sem a rigidez dos padrões que são impostos pela sociedade.

Nem sempre essa expressão artística vai agradar, porém o espaço está sendo ocupado e a verdade de cada artista está sendo manifestada com toda sua potência.

Intervalo: Por fim,  queria que vocês comentassem um pouco sobre a rua e a questão política do trabalho de vocês. O que significa fazer um trabalho a céu aberto, na rua, de livre acesso das pessoas? Vocês consideram alguma questão social, política na hora de pintar? 

O graffiti é um dos elementos do movimento Hip Hop, surgiu na dec de 70 em Nova Iorque. E para o movimento o graffiti é uma forma de expressar todo descontentamento e opressão que a humanidade vive principalmente os menos favorecidos, ou seja, reflete a realidade das ruas.

Todas as pessoas tem direito a cultura, a arte e uma maneira de garantir isso é pintando na rua para que todes tenham esse contato principalmente os que não tem acesso.

É uma manifestação artística que muitas vezes provoca e levanta questionamentos que contribui com a educação e luta pelos direitos dos que são menos favorecidos.


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