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Patuá estreia na cena do Rap Londrinense

Patuá é um grupo de Rap e R&B que começou suas atividades em 2021 e já em março deste ano lançou o seu primeiro trabalho. O EP Um Bom Lugar reúne as 5 faixas de estreia do trio, que apostou nos beats sensuais e românticos, além de letras engajadas e reflexivas, para se apresentar ao público.

Quem frequenta as batalhas de rima de Londrina, em espacial a Batalha do Galo, na Zona Norte, já conhece Luli Karoline, Stein Flows e The John, que transitam pela cidade e já atuavam na cena de rap londrinense antes da construção de Patuá. Segundo eles, o projeto nasceu da química do encontro, quando The John convidou Luli e Stein para um feat (uma composição em conjunto) e a sintonia de trabalho foi natural. Daí que Patuá tem para eles esse sentido da proteção, do lugar seguro.

E o EP parece representar bem esse encontro harmônico. Um Bom Lugar apresenta com equilíbrio os seus três integrantes e a proposta é clara, falar do cotidiano, especialmente aos jovens de hoje, que enfrentam amores cheios de dúvidas, futuros incertos e violência de ordem racial. O trabalho é limpo, equilibrado e coerente. Dialoga com o público das batalhas, mas também com o público jovem em geral, e parece ter espaço para crescer, especialmente em um mercado musical que se interessa por trabalhos críticos que tenham, também, alguma disposição para ser Pop.

Nós conversamos brevemente com o trio. Confira o bate-papo logo depois do vídeo:

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Intervalo: Londrina tem uma cena bem sólida de Rap, né? As batalhas estão espalhadas pela cidade, existem vários grupos, alguns já na estrada há bastante tempo. Queria que vocês contassem um pouco sobre a vivência de vocês nesses espaços e que comentassem também sobre como o Patuá se localiza nessa cena.

Individualmente, nós conhecemos quase todas as batalhas da cidade e, atualmente, a gente participa de maneira ativa na Batalha do Galo, que acontece no Maloko’s Bar na ZN. The John atua na equipe da Batalha do Galo e isso foi uma grande influência para que a gente se aproximasse mais dessa Batalha que de outras. A primiera apresentação do Patuá, inclusie, rolou na Batalha do Galo, uma experiência importante pra gente.

Para além desse contato como grupo, também tem a atuação de cada um. Stein, por exemplo, já realizou pockets shows em diversas batalhas, no Galo, na Batalha do Hemp, é um espaço de circulação importante para desenvolver o nosso trabalho.

Intervalo: sobre o EP, queria que vocês contassem como foi a produção. As letras já existiam, vocês já rodavam com o trabalho? Como foi o processo de criação e produção Um Bom Lugar?

Assim como a primeira canção do projeto, “Um Bom Lugar”, que deu origem ao nome do EP, todas as canções são autorais e criadas especificamente para o projeto. Nosso processo criativo acontece de duas maneiras: Presencialmente, quando nos encontramos para selecionar beats e escrever, e também de forma online, enviando os beats e letras escritas num grupo de whatsapp. Cada integrante escreve a parte que vai cantar, mas na gravação todos podem fazer o que chamamos de “dobra”, os floreios harmônicos e segundas vozes que preenchem a música.

Depois de criadas as canções do EP, e também os singles que começarão a ser lançados no próximo mês, começamos o contato com os bares da cidade para apresentar nosso trabalho. Portanto, a circulação começou quase que ao mesmo tempo do lançamento do material.

Nosso projeto não tem nenhum tipo de patrocínio. A maior parte dos beats usados nas músicas são type beats de uso livre, porque ainda não temos estrutura financeira para comprar beats originais. E a gravação do trabalho aconteceu toda no Palco07, o home studio do The John, que grava alguns grupos e se tornou também uma sede pra gente.

Intervalo: por fim, queria conversar sobre o teor do trabalho. Tem uma pegada romântica, sensual, tem uma consciência política também. Queria que vocês falassem sobre essa proposta: o que o Patuá vem falar e para quem o Patuá fala?

O projeto, desde seu nascimento, fala das inquietações de cada integrante. Em alguns momentos, falamos mais sobre amor porque é o que nos inspira, mas isso muda constantemente. Eu, Luli, enquanto mulher negra, faço rimas sobre empoderamento e antirracismo, mas existem mil inquietações dentro de mim que estão fora desses dois temas e eu também gostaria de falar dessas coisas. Para mim, é um ato político falar de amor, porque, para mulheres como eu, o amor é negado, mas existe muito dele em mim.

O Patuá, como já havíamos dito, é um amuleto que nos protegeu em momentos delicados de nossas vidas. Patuá permitiu uma nova forma de expressar nossos desejos, sonhos e inquietações. Nesse sentido também é impossível não levantar pontos políticos, principalmente porque um dos gêneros musicais é o RAP, que é por natureza um gênero marginalizado e de resistência.

Para ouvir e acompanhar Patuá, interessadas e interessados podem buscar o Instagram da banda. O EP completo está disponível nas plataformas digitais. E quem quiser ouvir ao vivo, o trio se apresenta nesta sexta-feira, 8, na Batalha da concha, e no dia 27, no Maloko’s Bar.

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