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Guilherme Espir comenta os folclores e Fantasias de Octópode

escrever uma crítica sobre um álbum que não é novo traz certa responsbailidade. Nesse texto quero trazer uma perspectiva de experiência para um novo ouvinte do
trio Octópode, alguém que – como eu – não tem familiaridade com o gênero musical em questão, o Rock Progressivo. Há também muitos elementos do gênero
de Jazz, que perpassam os três instrumentos, seja na forma de improviso do
baixo e da guitarra, na forma que o baterista conduz os ritmos, dando bastante
atenção ao prato de condução e ao chimbal marcado com o pé esquerdo, e no
baixo, que mantém o “chão” harmônico bem estabelecido. 

O que eu vou dizer pode parecer clichè, e talvez seja: o álbum tem uma direção que parece contar uma história, parece ter um caminho nos conduzindo. Isso provavelmente ocorre pelo fato de que sempre que eu me sento para escutar um álbum, eu observo a capa desse álbum como guia para o que está por vir. E, nesse caso, a pintura da capa corresponde muito bem à música. Mesmo
antes, quando eu assistia o Octópode ao vivo e não havia uma imagem fixa me
guiando, eu me sentia nesse local, um lugar carregado de folclores e fantasias.

O porquê eu já me sentia nesse local está atrelado às melodias e harmonias modais das músicas, no caso, a maioria das melodias são circulares, o final se junta com o começo, fazendo, assim, com que a música tenha um certo contínuo, igual às cantigas de roda. 

A harmonia é praticamente estática, favorecendo bastante os improvisos. O interessante, também, é que boa parte das músicas parecem flutuar, e na minha percepção isso está relacionado ao fato do baterista usar o bumbo como um jazzista usaria, não como algo marcado e firme, mas como um colorido a mais nas possibilidades sonoras da bateria - apesar de que, nos momentos em que a música e os músicos necessitam de uma marcação rítmica bem clara, aliestá o bumbo, forte e preciso. Outra coisa que traz uma carga folclórica e fantasiosa para as músicas é a escolha dos músicos em usar flautas, seja a transversal ou as flautas doces.

O que mais há nesse álbum? Bom, essa pergunta agora, deve ser feita por você, leitor. Eu poderia descrever mais e mais sobre as músicas, mas qual seria a graça nisso? Se eu descrever tudo, ou quase tudo, eu vou acabar “forçando” você a escutar como eu escuto, e eu, particularmente, não quero isso, e espero que você também não. Portanto, o álbum do Octópode está te esperando para essa jornada.

O texto é uma colaboração de Guilherme Espir

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