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Editora Madrepérola abre caminhos para literatura dos estreantes

A Madrepérola é uma editora independente que atua em
Londrina mas publica autores de todo o Brasil. Entre romances, ficção
científica, poesia e não ficção, a editora já publicou mais de 180 títulos e,
segundo Rafael Silvaro, seu criador e editor chefe, trabalha ao modo da “lapidação”: o objetivo é escavar preciosidades e construir um catálogo de novas descobertas. 

Hoje, a Madrepérola cumpre um papel de interesse para o
cenário da literatura na cidade: publica principalmente autores e autoras
estreantes e, nesse processo, vem se firmando no delicado ramo das editoras
independentes. O trabalho já dura 7 anos e hoje soma-se a um blog, uma
newsletter e uma
loja virtual.

O Intervalo conversou com Rafael Silvaro sobre a experiência
da Madrepérola e sobre os desafios de tocar uma editora independente no interior
do país. Confira o bate-papo:

Intervalo: Rafael, para começar, queria que você contasse um
pouco da história da Madre. Como ela surgiu, há quanto tempo está ativa, e o
que ela faz.

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Rafael Silvaro: Bom, minha formação é em Letras Vernáculas
e, desde o primeiro ano do curso, procurei no meio editorial a possibilidade de
atuar ativamente com a criação de livros. Depois de estágios e trabalhos “CLT”
na área, estudei o mercado de produção de conteúdos literários para fundar a
Madrepérola. 

Eu inicialmente tinha muita vontade de atuar com revisão de
textos mas, com o passar do tempo, percebi que a necessidade dos escritores e
escritoras era mais completa. Afinal, de nada adiantava escrever e ter um texto
bem revisado sem conhecer um pouco mais do caminho editorial. A Madre surgiu
dessa grande vontade de atuar no editorial e destacar novos autores e autoras.

Intervalo: Hoje, a Madre tem um catálogo bem variado em
autores e gêneros, né? Quem são essas pessoas, como elas chegam ou são
selecionadas pela Madre? A Madre é uma editora para autores londrinenses?

Rafael Silvaro: Em sua grande maioria, são escritores e
escritoras em suas primeiras obras, mas também temos exceções, autores em sua
quarta, quinta ou décima publicação. Essencialmente, ou eles chegam até nós
após uma pesquisa no google ou nas redes sociais, ou são indicados. Eu também
costumo vasculhar autores e autoras. Na cidade de Londrina já promovemos
algumas coletâneas para conhecer mais pessoas que gostam escrever e podem ser publicados, é um processo analógico mesmo, muito gostoso de se fazer. 

Intervalo: Ao mesmo tempo que a gente vê um catálogo
recheado, o trabalho também parece muito desafiador. No cenário da chamada
crise da leitura, diante das editoras tradicionais, atuando no interior do
país... Queria que você falasse um pouco sobre isso, como é ser uma editora
independente nesse momento? 

Rafael Silvaro: O segredo é que não tem segredo, e sim
trabalho árduo. O livro na livraria ainda é o maior desafio nessa história toda,
a comissão acima de 50%, livro consignado e não comprado pela livraria, a
demora para se receber, quando pagam... Livro na prateleira parece muito bonito
para quem vê, mas para quem vende, quase não dá. Esse mercado está cada vez
mais difícil de ser sustentado. 

Enfim, o jogo é continuar a publicar, receber novos textos e
procurar divulgá-los da melhor maneira. Isso com certeza é um trabalho muito
desafiador, entretanto, nosso mercado não é diferente de nenhum outro, pois o
público está cada vez mais atento às possibilidades.. Sempre há os que leem, a
gente precisa enfrentar o mar de conteúdos que eles recebem, alcançá-los e
mostrar uma boa história, que valha se debruçar na leitura. 

E claro, a nossa atuação também é trabalho de conscientização do escritor independente, ele está em contato com o mundo e é o maior influenciador do seu livro, é necessário lermos o escritor ou a escritora, e prepará-lo para esse cenário tão diferente do passado; hoje o escritor não é o encontrado apenas na livraria, ele precisa estar em todo lugar. Ou seja, a editora também precisa ser uma leitora em busca daquela história que merece ser contada e levada a diante. 

Intervalo: Para encerrarmos, Rafael, duas perguntas para
você responder como editor, como livreiro, mas também como professor. Primeiro, sobre o cenário da literatura em Londrina, você consegue dar um panorama de como as coisas estão, o que você tem visto? E, além isso, queria que você falasse um pouco sobre a função de editoras como a Madre, qual o papel das pequenas editoras hoje, na sua opinião? 

Rafael Silvaro: Em Londrina tenho visto escritores independentes, escritores publicados por pequenas e médias editoras, tradicionais ou não, novas editoras independentes surgindo com um direcionamento lindo, e agentes culturais empenhados em promover o livro como sempre. 

Adoro pensar que a escola também precisa ver esses escritores e escritoras para aproximar as possibilidades da atuação cultural de quem está em formação. A todos esses atuantes, confio neles, conto com a ajuda de todos e me ofereço para ajudar, imagino uma feira do livro londrinense, por exemplo, a cidade pede e pode. 

Sobre a nossa função, hoje em dia nada nos impede de avançar e ampliar a visibilidade nacional quando o assunto é promover a literatura, literatura dos autores, das autoras e da editora, tudo junto. Em suma, eu acho que nosso papel é esse, buscar, encontrar e contar boas histórias.


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